segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

20 Anos sem Yara Amaral



Paulo Senna


Há 20 anos, o Brasil perdia num trágico acidente de Iate, aos 52 anos de idade, a atriz Yara Amaral, uma das maiores atrizes brasileira, no auge de sua carreira.

É muito difícil quando se vai escrever, apesar de ser uma obrigação de todos os jornalistas, separar o racional do emocional, principalmente, quando se conheceu a pessoa, como neste caso.

Eu estava saindo da praia do Arpoador no dia 1 de janeiro de 1989, quando um amigo chegou trazendo o jornal com a triste notícia do jornal:

“A grande atriz de teatro e TV Yara Amaral, que tinha acabado de gravar as suas últimas cenas da novela Fera Radical, na Rede Globo, teve um desfecho trágico neste réveillon, no Rio de Janeiro. O barco Bateau Mouche IV afundou na Baía de Guanabara quando se dirigia com um grupo de turistas para assistir do alto mar o espetáculo da queima de fogos na praia de Copacabana. O barco não tinha condições mínimas de segurança para navegar com a quantidade de pessoas que levava, muito menos numa noite de mar agitado e violento”.

Eu ainda ponderei, mas há sobreviventes, pode ser que ela seja um. Afinal, ela gostava de ver o mar, mas tinha medo dele. Então, pode ter desistido de embarque no barco.

Mas meu amigo foi enfático, acabo de ver no telejornal da Globo e o corpo já foi encontrado. O velório será no hall do Teatro dos Quatro. Ironia, ela estava em cartaz neste Teatro com a pela Filomena

Marturano, que assisti quatro vezes. Então, ao chegar ao Teatro, vi escrito “Yara Amaral em Filomena Marturano”, mas no hall, coberta de flores, a atriz fazia sua última cena. Desculpem, por estar falando de um assunto tão triste, mas é preciso lembrar.

Agora, vamos falar de seus trabalhos.

Yara Amaral começou sua carreira em São Paulo, em 1962. No mesmo ano, entrou para a Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), onde se forma em 1965, quando estreou profissionalmente na peça “Hedda Gabler”, de Ibsen.

Em 1966, passou pelo Teatro de Arena onde, interpretando um pequeno papel em “O Inspetor Geral”, de Gogol, é aplaudida em cena aberta.

Mudando-se para o Rio de Janeiro, participa do Grêmio Dramático Brasileiro, de Aderbal Freire Filho, destacando-se na peça “Réveillon”, de Flávio Márcio, 1974.

No mesmo ano, protagoniza outro ambicioso espetáculo experimental, “Avatar”, de Paulo Afonso Grisolli, dirigido por Luiz Carlos Ripper.

Pelo conjunto desses dois trabalhos ganha seu primeiro Prêmio Molière.

Contracena com Fernanda Montenegro em “A Mais Sólida Mansão”, de Eugene O'Neill, em 1976; e tem expressivo desempenho em “Os Filhos de Kennedy”, em 1977.

No ano seguinte, participa do elenco de “Os Veranistas”, de Gorki, espetáculo inaugural do Teatro dos Quatro.

Ganha seu segundo Prêmio Molière protagonizando uma comédia inconseqüente, “Eu Posso?”, de Reinaldo Loy (1982).

Em 1983, volta ao Teatro dos Quatro, para fazer Goneril na montagem de “Rei Lear”, de William Shakespeare, dirigida por Celso Nunes. Desde então se torna atriz convidada permanente do Teatro dos Quatro, onde fez um trabalho por ano, sempre em papéis de peso: “Assim É... (Se Lhe Parece)”, de Luigi Pirandello (1984); “Sábado, Domingo e Segunda”, de Eduardo de Filippo (1986), um desempenho comovente, premiado com o seu terceiro Molière; o monólogo “Imaculada”, de Franco Scaglia (1986); “Cerimônia do Adeus”, de Mauro Rasi (1987); e o papel-título em “Filomena Marturano”, de Eduardo De Filippo (1988), que foi sua última peça.

Yara atuou, também, em papéis de destaque em várias telenovelas, como “A pequena órfã” (Excelsior), “E nós, aonde vamos?” (Tupi), "Dancin Days", "O amor é nosso", "Sol de verão", "Guerra dos sexos", "Um sonho a mais", "Cambalacho", "Anos dourados" e "Fera radical", sua última novela.

No cinema estreou em 1975 com "O rei da noite" de Hector Babenco e fez outros filmes importantes como "A Dama do lotação", "Mulher objeto" e "Leila Diniz".

Foi casada com Luís Fernando Goulart e deixou dois filhos, Bernardo e João Mário. Os culpados pelo acidentes foram punidos e indenizaram os familiares ou fugiram para outro país?

Leia matéria do jornal O Globo, de hoje: "Considerado o exemplo mais emblemático da fragilidade do sistema judiciário brasileiro, o naufrágio do Bateau Mouche IV completa 20 anos dia 31 de dezembro, sem que nenhum dos acusados tenha cumprido pena nos dois processos penais resultantes da tragédia que matou 55 pessoas.

Nem a ação criminal movido pelo Ministério Público Federal - que condenou, em 2002, seis empresários por crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica e falsificação de documentos a 18 anos e quatro meses de prisão e a ressarcir aos cofres públicos, mas de R$ 4 milhões - teve qualquer efeito prático: de dez réus inicialmente acusados, quatro tiveram as penas prescritas antes do julgamento e dois estão foragidos. Outros quatros réus aguardam em liberdade o julgamento de recurso pelo pleno do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2 Região, deverá acontecer em 2009. Nenhum centavo foi recolhido à Receita Federal. Dos mais de 80 processos de indenização a vítimas e familiares apenas um chegou ao fim e quem pagou a conta foi a União”.

Gente, vamos lembrar-nos das coisas importantes. Mesmo que elas sejam tristes, para que episódios como esses não se repitam.

O crítico teatral Yan Michalski avaliou seu trabalho, depois da morte da atriz: "A carreira de Yara Amaral foi, como poucas, a de uma batalhadora que, por um lado, esteve sempre disposta a lutar pelos interesses do teatro em várias frentes; e, por outro, no seu ofício de atriz foi construindo obstinadamente um instrumental cada vez mais sólido. Na reta final da sua trajetória encontrou, nas mammas italianas, um filão interpretativo particularmente condizente com o seu temperamento, sem por isso limitar seu talento a um tipo estratificado. O fato de ter sido, nessa época, uma das poucas atrizes a ser seguidamente convidada para papéis de protagonista sem ser dona ou sócia de uma companhia atesta bem o prestígio de que gozava no meio".

Pois é, 20 Anos sem Yara Amaral. Que saudade. Mas a vida continua...

Obrigado a todos os leitores do meu Blog Nostalgia que me honrraram com seus comentário, críticas e sugestões.

Feliz 2009!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Luiz Paulo Horta - Um Imortal na redação de O Globo


Um imortal entre nós - Publica no Intranet, de circulação interna, para a redação de O Globo

"Recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, Luiz Paulo Horta fala de seus projetos e preferências culturais

Orgulho para músicos, jornalistas e, claro, para os funcionários da INFOGLOBO, o crítico musical do GLOBO Luiz Paulo Horta é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Depois de se emocionar com o resultado da eleição secreta que lhe rendeu a cadeira de número 23 da instituição, ele conta um pouco do início da carreira em Comunicação e do projeto de um livro sobre a Bíblia.

Pingue-pongue com Luiz Paulo Horta

Nome completo: Luiz Paulo de Alencar Parreiras Horta.
Idade: 65 anos.
Tempo de trabalho na INFOGLOBO: 18 anos.
Bairro onde nasceu: Botafogo.
Prato favorito: Cozido.
Time de futebol: Eu era Flamengo ...
Livro que está lendo no momento: “Os Irmãos Karamazov”.
CD que está ouvindo no momento: “Cantatas de Bach”.

Nome dos filhos e netos: Ana Magdalena, José Maurício e Ana Clara (filhos). Rosa Marina, Gabriel, Juliano, Arthur (netos).

Formação: Cursos de música nos Seminários de Música Pró Arte. Quando eu comecei a fazer jornalismo, a faculdade ainda não era obrigatória.

Livros publicados: “Caderno de Música”, “Dicionário de Música Zahar”, “Guia da Música Clássica em CD”, “Sete noites com os clássicos”, “Villa-Lobos, uma Introdução” e “Dicionário Grove de Música” (organização da edição brasileira, com Luiz Paulo Sampaio).

Como se sente sendo o primeiro integrante da ABL diretamente ligado à música?

- É ótimo ser a primeira pessoa ligada à música que atravessa as portas da Academia. É um sinal de valorização da nossa atividade (eu me considero músico, além de jornalista).

Depois de estudar piano e teoria musical, como foi sua trajetória até se tornar crítico de música em um jornal? O que o atraiu para o jornalismo?

- Comecei a fazer jornal por acaso, no extinto Correio da Manhã. Eu tinha 20 anos. Deu certo, fui ficando, e agora já entrou na veia.

No ano em que se comemora o centenário da morte de Machado de Assis, ocupar a cadeira que já foi dele torna sua eleição ainda mais especial. Qual livro do autor mais marcou sua vida e por quê?

- Gosto de quase tudo que Machado escreveu, em especial "Dom Casmurro" e "Memorial de Aires".

Com que mestres da literatura e da música você gostaria de tomar o famoso “chá das cinco” da ABL e por quê?

- Seria um privilégio conhecer o próprio Machado de Assis. Acho que ele é um padrão de cultura brasileira, que merece a mais profunda atenção. Na música, gostaria muito de ter conhecido o lendário Villa-Lobos, que era uma figura mitológica – para mim, o mais brasileiro dos nossos gênios.

Você, que já é membro da Academia Brasileira de Arte e da Academia Brasileira de Música há alguns anos, tem alguma curiosidade sobre a ABL? Como espera contribuir com as atividades da casa, inclusive as culturais?

- A gente aprende aos poucos a melhor maneira de colaborar. Por enquanto, ainda estou aprendendo.

Qual a principal contribuição do jornalismo para a literatura contemporânea?

- Objetividade, timing, mão leve.

É verdade que você está preparando um livro sobre a Bíblia? Fale um pouco sobre este e outros projetos literários em andamento.

- É verdade, deve se chamar "Uma introdução à Bíblia". É resultado de um grupo de estudos que mantive por dez anos na minha casa, em que eu era uma espécie de monitor e departamento de pesquisa. Quando a gente se aprofunda nesse território, o efeito é extraordinário. Não é um livro: é um diálogo com o infinito. E continua a ser o livro-texto da nossa civilização. Gostaria de terminar o meu livrinho, despretensioso, até o final de 2009. Vamos ver se eu consigo.

domingo, 18 de maio de 2008

O dificíl adeus a Zélia Gattai



Zélia Gattai - Anarquistas, graças a Deus

”A escritora e acadêmica Zélia Gattai morreu ontem aos 91 anos, em Salvador. Memorialista, ela fez de sua vida ao lado de Jorge Amado parte importante de sua obra”. Diante desta triste notícia, publicada hoje no jornal O Globo, fica impossível escrever outra coisa que não seja sobre a inesquecível minissérie "Anarquistas, graças a Deus", que foi baseada no romance da escritora Zélia Gattai, exibida em nove capítulos, às 22h, pela Rede Globo em 1984.

A morte da escritora deixou o Brasil sem uma suas mais importantes memorialistas, num país de tão pouca memória. Seu último livro publicado foi "Vacina de Sapo", em 2005, que contava os três últimos anos de vida do casal, quando Jorge Amado já enfretava problemas de saúde. (Foto: Zélia e Jorge Amado em Salvador).


A minissérie foi adaptada por Walter George Durst e teve tratamento cênico do diretor Walter Avancini. Eram crônicas sobre o cotidiano da família Gattai, imigrantes italianos que vieram para o Brasil perseguindo o sonho da Colônia Santa Cecília, reduto anarquista, e que viveram em São Paulo, acompanhando o crescimento da cidade. Ernesto Gattai (Ney Latorraca) era o elemento chave deste núcleo. Assim como pai, ele mantinha inalterados certos princípios de igualdade e justiça. Ao seu lado, dona Angelina (Débora Duarte, em um dos melhores desempenhos de sua carreira), mulher forte e sensível que conseguia conviver com os sonhos do marido sem tirar os pés do chão. Lia Victor Hugo e Zola, mas também os folhetins de romances desvairados. Jogava no bicho e estava sempre atraída pelos enterros que passavam diante de sua porta. Pelo comportamento dos acompanhantes do caixão, já sabia se, depois do cemitério, ia ter festa. Aí, ela trocava de roupa e entrava no cortejo.

Eles foram importantes para a formação dos filhos, a caçula Zélia (Daniela Rodrigues, que era a narradora da história); o Bon vivam Remo (Marcos Frota); a bonita e voluntariosa Wanda (Christiane Rando); Vera - a preferida - (Lilian Zizzachero); e o artista da casa, Tito (Afonso Nigro).

Outro membro importante era o vovô Eugênio, o Nono (Gianni Ratto), uma pessoa com ampla, sofrida e sábia visão do mundo. Não era apenas a história de uma família, mas também um retrato paulista dos anos 10 e 20, quando transformações sociais, políticas e econômicas aconteceram. A série tinha sido programada inicialmente para as 18h, depois se pensou em recorrer a ela para substituir a novela “Sol de verão”, às 20h, após a morte do ator Jardel Filho, em 1983. Com um ano de espera acabou indo ao ar, como tapa-buraco: sua estréia foi antecipada porque não ficou pronta a atração anunciada, a minissérie "Meu destino é pecar". Quem assistiu sabe que valeu a pena esperar, pois o sucesso foi grande e inesquecivél.

Um adeus carinhoso a inesquecível Zélia Gattai.

O abandono do Rio de Janeiro


Numa matéria publicada no jornal O Globo, de sábado (17/05), tinha a seguinte manchete: TRANSPORTE PARA LONGE DO PERIGO".
É que para evitar assaltos a passageiros de ônibus, a lei autorizou embarque e desembarque fora do ponto. Numa boxe, na mesma matéria, intitulado "Opinião", está toda a verdade e a monstruosidade nas grande cidades, leia: "A desativação noturna dos pardais eletrônicos, supostamente para evitar assaltos a motoristas, não sinaliza para o essencial da questão: a incapacidade do poder público de garantir a segurança do cidadão 24 horas por dia.
Dote-se o Estado, portanto, de um política que reduza a criminalidade e deixe-se os limitadores de velocidade cumprir sua importante função no sistema viário. De quebra, as autoridades terão ampliado os níveis de segurança para todos os cidadãos, e não apenas para os motorizados; e evitando que os índices de acidentes provocados por excesso de velocidade sejam ainda mais inchados
".

Não sair mais nas ruas à noite, por medo, não andar mais a pé, por medo, não pegar mais ônibus, por medo, que cidade é esta que estamos vivendo.

Devemos, sim, como cidadãos que somos marcar nossas presenças em todos os lugares, pois se nos afastamos estaremos fortalecendo aos bandidos. A área é para todos, não devemos deixar que o MEDO abra espaço para esses bandidos.

sábado, 15 de março de 2008

Teto desaba em emergência do Souza Aguiar

Matéria publicada, hoje, na Coluna de Ancelmo Góis, de O GLOBO.

"Parte do teto do primeiro andar da NOVA emergência do Hospital Souza Aguiar desabou à tarde. As áreas afetadas foram a sala da coordenação da emergência e da oftalmologia, onde estavam internados 50 pacientes, que foram transferidos para outros andares. A nova emergência, que custou R$ 8 milhões, começou a funcionar em novembro, mas, em dezembro, teve que ser fechada por causa de problemas no sistema de ar-condicionado. A Secretaria municipal de Saúde informou que o problema de ontem foi causado por um entupimento no ralo".

Será que a Cidade da Música também vai ter ralo entupido?

Frase da Semana

"Trabalhar? Impossível para mim trabalhar. Simplesmente não tenho tempo".

Frase de Porfírio Rubirosa que consta do saboroso livro que será lançado no final do mês de maio, pela Editora Record: "O último playboy - A vida louca de Porfírio Rubirosa".

domingo, 2 de março de 2008

Frase da Semana

Numa entrevista, o reporter Zean Bravo, de O Globo, perguntou a jornalista e atriz Marília Gabriela: - Você concorda com a teoria do Raul Seixas de que "quem não é burro sofre mais"?

Marília: "Se você não for arrogante, possivelmente vai sofrer mais".


arrogância
[Do lat. arrogantia.]
Substantivo feminino.
1.Orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas; soberba.
2.Insolência, atrevimento. [Sin. ger., desus.: arrogo.]