
Um imortal entre nós - Publica no Intranet, de circulação interna, para a redação de O Globo
"Recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, Luiz Paulo Horta fala de seus projetos e preferências culturais
Orgulho para músicos, jornalistas e, claro, para os funcionários da INFOGLOBO, o crítico musical do GLOBO Luiz Paulo Horta é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Depois de se emocionar com o resultado da eleição secreta que lhe rendeu a cadeira de número 23 da instituição, ele conta um pouco do início da carreira em Comunicação e do projeto de um livro sobre a Bíblia.
Pingue-pongue com Luiz Paulo Horta
Nome completo: Luiz Paulo de Alencar Parreiras Horta.
Idade: 65 anos.
Tempo de trabalho na INFOGLOBO: 18 anos.
Bairro onde nasceu: Botafogo.
Prato favorito: Cozido.
Time de futebol: Eu era Flamengo ...
Livro que está lendo no momento: “Os Irmãos Karamazov”.
CD que está ouvindo no momento: “Cantatas de Bach”.
Nome dos filhos e netos: Ana Magdalena, José Maurício e Ana Clara (filhos). Rosa Marina, Gabriel, Juliano, Arthur (netos).
Formação: Cursos de música nos Seminários de Música Pró Arte. Quando eu comecei a fazer jornalismo, a faculdade ainda não era obrigatória.
Livros publicados: “Caderno de Música”, “Dicionário de Música Zahar”, “Guia da Música Clássica em CD”, “Sete noites com os clássicos”, “Villa-Lobos, uma Introdução” e “Dicionário Grove de Música” (organização da edição brasileira, com Luiz Paulo Sampaio).
Como se sente sendo o primeiro integrante da ABL diretamente ligado à música?
- É ótimo ser a primeira pessoa ligada à música que atravessa as portas da Academia. É um sinal de valorização da nossa atividade (eu me considero músico, além de jornalista).
Depois de estudar piano e teoria musical, como foi sua trajetória até se tornar crítico de música em um jornal? O que o atraiu para o jornalismo?
- Comecei a fazer jornal por acaso, no extinto Correio da Manhã. Eu tinha 20 anos. Deu certo, fui ficando, e agora já entrou na veia.
No ano em que se comemora o centenário da morte de Machado de Assis, ocupar a cadeira que já foi dele torna sua eleição ainda mais especial. Qual livro do autor mais marcou sua vida e por quê?
- Gosto de quase tudo que Machado escreveu, em especial "Dom Casmurro" e "Memorial de Aires".
Com que mestres da literatura e da música você gostaria de tomar o famoso “chá das cinco” da ABL e por quê?
- Seria um privilégio conhecer o próprio Machado de Assis. Acho que ele é um padrão de cultura brasileira, que merece a mais profunda atenção. Na música, gostaria muito de ter conhecido o lendário Villa-Lobos, que era uma figura mitológica – para mim, o mais brasileiro dos nossos gênios.
Você, que já é membro da Academia Brasileira de Arte e da Academia Brasileira de Música há alguns anos, tem alguma curiosidade sobre a ABL? Como espera contribuir com as atividades da casa, inclusive as culturais?
- A gente aprende aos poucos a melhor maneira de colaborar. Por enquanto, ainda estou aprendendo.
Qual a principal contribuição do jornalismo para a literatura contemporânea?
- Objetividade, timing, mão leve.
É verdade que você está preparando um livro sobre a Bíblia? Fale um pouco sobre este e outros projetos literários em andamento.
- É verdade, deve se chamar "Uma introdução à Bíblia". É resultado de um grupo de estudos que mantive por dez anos na minha casa, em que eu era uma espécie de monitor e departamento de pesquisa. Quando a gente se aprofunda nesse território, o efeito é extraordinário. Não é um livro: é um diálogo com o infinito. E continua a ser o livro-texto da nossa civilização. Gostaria de terminar o meu livrinho, despretensioso, até o final de 2009. Vamos ver se eu consigo.