segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

20 Anos sem Yara Amaral



Paulo Senna


Há 20 anos, o Brasil perdia num trágico acidente de Iate, aos 52 anos de idade, a atriz Yara Amaral, uma das maiores atrizes brasileira, no auge de sua carreira.

É muito difícil quando se vai escrever, apesar de ser uma obrigação de todos os jornalistas, separar o racional do emocional, principalmente, quando se conheceu a pessoa, como neste caso.

Eu estava saindo da praia do Arpoador no dia 1 de janeiro de 1989, quando um amigo chegou trazendo o jornal com a triste notícia do jornal:

“A grande atriz de teatro e TV Yara Amaral, que tinha acabado de gravar as suas últimas cenas da novela Fera Radical, na Rede Globo, teve um desfecho trágico neste réveillon, no Rio de Janeiro. O barco Bateau Mouche IV afundou na Baía de Guanabara quando se dirigia com um grupo de turistas para assistir do alto mar o espetáculo da queima de fogos na praia de Copacabana. O barco não tinha condições mínimas de segurança para navegar com a quantidade de pessoas que levava, muito menos numa noite de mar agitado e violento”.

Eu ainda ponderei, mas há sobreviventes, pode ser que ela seja um. Afinal, ela gostava de ver o mar, mas tinha medo dele. Então, pode ter desistido de embarque no barco.

Mas meu amigo foi enfático, acabo de ver no telejornal da Globo e o corpo já foi encontrado. O velório será no hall do Teatro dos Quatro. Ironia, ela estava em cartaz neste Teatro com a pela Filomena

Marturano, que assisti quatro vezes. Então, ao chegar ao Teatro, vi escrito “Yara Amaral em Filomena Marturano”, mas no hall, coberta de flores, a atriz fazia sua última cena. Desculpem, por estar falando de um assunto tão triste, mas é preciso lembrar.

Agora, vamos falar de seus trabalhos.

Yara Amaral começou sua carreira em São Paulo, em 1962. No mesmo ano, entrou para a Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), onde se forma em 1965, quando estreou profissionalmente na peça “Hedda Gabler”, de Ibsen.

Em 1966, passou pelo Teatro de Arena onde, interpretando um pequeno papel em “O Inspetor Geral”, de Gogol, é aplaudida em cena aberta.

Mudando-se para o Rio de Janeiro, participa do Grêmio Dramático Brasileiro, de Aderbal Freire Filho, destacando-se na peça “Réveillon”, de Flávio Márcio, 1974.

No mesmo ano, protagoniza outro ambicioso espetáculo experimental, “Avatar”, de Paulo Afonso Grisolli, dirigido por Luiz Carlos Ripper.

Pelo conjunto desses dois trabalhos ganha seu primeiro Prêmio Molière.

Contracena com Fernanda Montenegro em “A Mais Sólida Mansão”, de Eugene O'Neill, em 1976; e tem expressivo desempenho em “Os Filhos de Kennedy”, em 1977.

No ano seguinte, participa do elenco de “Os Veranistas”, de Gorki, espetáculo inaugural do Teatro dos Quatro.

Ganha seu segundo Prêmio Molière protagonizando uma comédia inconseqüente, “Eu Posso?”, de Reinaldo Loy (1982).

Em 1983, volta ao Teatro dos Quatro, para fazer Goneril na montagem de “Rei Lear”, de William Shakespeare, dirigida por Celso Nunes. Desde então se torna atriz convidada permanente do Teatro dos Quatro, onde fez um trabalho por ano, sempre em papéis de peso: “Assim É... (Se Lhe Parece)”, de Luigi Pirandello (1984); “Sábado, Domingo e Segunda”, de Eduardo de Filippo (1986), um desempenho comovente, premiado com o seu terceiro Molière; o monólogo “Imaculada”, de Franco Scaglia (1986); “Cerimônia do Adeus”, de Mauro Rasi (1987); e o papel-título em “Filomena Marturano”, de Eduardo De Filippo (1988), que foi sua última peça.

Yara atuou, também, em papéis de destaque em várias telenovelas, como “A pequena órfã” (Excelsior), “E nós, aonde vamos?” (Tupi), "Dancin Days", "O amor é nosso", "Sol de verão", "Guerra dos sexos", "Um sonho a mais", "Cambalacho", "Anos dourados" e "Fera radical", sua última novela.

No cinema estreou em 1975 com "O rei da noite" de Hector Babenco e fez outros filmes importantes como "A Dama do lotação", "Mulher objeto" e "Leila Diniz".

Foi casada com Luís Fernando Goulart e deixou dois filhos, Bernardo e João Mário. Os culpados pelo acidentes foram punidos e indenizaram os familiares ou fugiram para outro país?

Leia matéria do jornal O Globo, de hoje: "Considerado o exemplo mais emblemático da fragilidade do sistema judiciário brasileiro, o naufrágio do Bateau Mouche IV completa 20 anos dia 31 de dezembro, sem que nenhum dos acusados tenha cumprido pena nos dois processos penais resultantes da tragédia que matou 55 pessoas.

Nem a ação criminal movido pelo Ministério Público Federal - que condenou, em 2002, seis empresários por crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica e falsificação de documentos a 18 anos e quatro meses de prisão e a ressarcir aos cofres públicos, mas de R$ 4 milhões - teve qualquer efeito prático: de dez réus inicialmente acusados, quatro tiveram as penas prescritas antes do julgamento e dois estão foragidos. Outros quatros réus aguardam em liberdade o julgamento de recurso pelo pleno do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2 Região, deverá acontecer em 2009. Nenhum centavo foi recolhido à Receita Federal. Dos mais de 80 processos de indenização a vítimas e familiares apenas um chegou ao fim e quem pagou a conta foi a União”.

Gente, vamos lembrar-nos das coisas importantes. Mesmo que elas sejam tristes, para que episódios como esses não se repitam.

O crítico teatral Yan Michalski avaliou seu trabalho, depois da morte da atriz: "A carreira de Yara Amaral foi, como poucas, a de uma batalhadora que, por um lado, esteve sempre disposta a lutar pelos interesses do teatro em várias frentes; e, por outro, no seu ofício de atriz foi construindo obstinadamente um instrumental cada vez mais sólido. Na reta final da sua trajetória encontrou, nas mammas italianas, um filão interpretativo particularmente condizente com o seu temperamento, sem por isso limitar seu talento a um tipo estratificado. O fato de ter sido, nessa época, uma das poucas atrizes a ser seguidamente convidada para papéis de protagonista sem ser dona ou sócia de uma companhia atesta bem o prestígio de que gozava no meio".

Pois é, 20 Anos sem Yara Amaral. Que saudade. Mas a vida continua...

Obrigado a todos os leitores do meu Blog Nostalgia que me honrraram com seus comentário, críticas e sugestões.

Feliz 2009!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Luiz Paulo Horta - Um Imortal na redação de O Globo


Um imortal entre nós - Publica no Intranet, de circulação interna, para a redação de O Globo

"Recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, Luiz Paulo Horta fala de seus projetos e preferências culturais

Orgulho para músicos, jornalistas e, claro, para os funcionários da INFOGLOBO, o crítico musical do GLOBO Luiz Paulo Horta é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Depois de se emocionar com o resultado da eleição secreta que lhe rendeu a cadeira de número 23 da instituição, ele conta um pouco do início da carreira em Comunicação e do projeto de um livro sobre a Bíblia.

Pingue-pongue com Luiz Paulo Horta

Nome completo: Luiz Paulo de Alencar Parreiras Horta.
Idade: 65 anos.
Tempo de trabalho na INFOGLOBO: 18 anos.
Bairro onde nasceu: Botafogo.
Prato favorito: Cozido.
Time de futebol: Eu era Flamengo ...
Livro que está lendo no momento: “Os Irmãos Karamazov”.
CD que está ouvindo no momento: “Cantatas de Bach”.

Nome dos filhos e netos: Ana Magdalena, José Maurício e Ana Clara (filhos). Rosa Marina, Gabriel, Juliano, Arthur (netos).

Formação: Cursos de música nos Seminários de Música Pró Arte. Quando eu comecei a fazer jornalismo, a faculdade ainda não era obrigatória.

Livros publicados: “Caderno de Música”, “Dicionário de Música Zahar”, “Guia da Música Clássica em CD”, “Sete noites com os clássicos”, “Villa-Lobos, uma Introdução” e “Dicionário Grove de Música” (organização da edição brasileira, com Luiz Paulo Sampaio).

Como se sente sendo o primeiro integrante da ABL diretamente ligado à música?

- É ótimo ser a primeira pessoa ligada à música que atravessa as portas da Academia. É um sinal de valorização da nossa atividade (eu me considero músico, além de jornalista).

Depois de estudar piano e teoria musical, como foi sua trajetória até se tornar crítico de música em um jornal? O que o atraiu para o jornalismo?

- Comecei a fazer jornal por acaso, no extinto Correio da Manhã. Eu tinha 20 anos. Deu certo, fui ficando, e agora já entrou na veia.

No ano em que se comemora o centenário da morte de Machado de Assis, ocupar a cadeira que já foi dele torna sua eleição ainda mais especial. Qual livro do autor mais marcou sua vida e por quê?

- Gosto de quase tudo que Machado escreveu, em especial "Dom Casmurro" e "Memorial de Aires".

Com que mestres da literatura e da música você gostaria de tomar o famoso “chá das cinco” da ABL e por quê?

- Seria um privilégio conhecer o próprio Machado de Assis. Acho que ele é um padrão de cultura brasileira, que merece a mais profunda atenção. Na música, gostaria muito de ter conhecido o lendário Villa-Lobos, que era uma figura mitológica – para mim, o mais brasileiro dos nossos gênios.

Você, que já é membro da Academia Brasileira de Arte e da Academia Brasileira de Música há alguns anos, tem alguma curiosidade sobre a ABL? Como espera contribuir com as atividades da casa, inclusive as culturais?

- A gente aprende aos poucos a melhor maneira de colaborar. Por enquanto, ainda estou aprendendo.

Qual a principal contribuição do jornalismo para a literatura contemporânea?

- Objetividade, timing, mão leve.

É verdade que você está preparando um livro sobre a Bíblia? Fale um pouco sobre este e outros projetos literários em andamento.

- É verdade, deve se chamar "Uma introdução à Bíblia". É resultado de um grupo de estudos que mantive por dez anos na minha casa, em que eu era uma espécie de monitor e departamento de pesquisa. Quando a gente se aprofunda nesse território, o efeito é extraordinário. Não é um livro: é um diálogo com o infinito. E continua a ser o livro-texto da nossa civilização. Gostaria de terminar o meu livrinho, despretensioso, até o final de 2009. Vamos ver se eu consigo.

domingo, 18 de maio de 2008

O dificíl adeus a Zélia Gattai



Zélia Gattai - Anarquistas, graças a Deus

”A escritora e acadêmica Zélia Gattai morreu ontem aos 91 anos, em Salvador. Memorialista, ela fez de sua vida ao lado de Jorge Amado parte importante de sua obra”. Diante desta triste notícia, publicada hoje no jornal O Globo, fica impossível escrever outra coisa que não seja sobre a inesquecível minissérie "Anarquistas, graças a Deus", que foi baseada no romance da escritora Zélia Gattai, exibida em nove capítulos, às 22h, pela Rede Globo em 1984.

A morte da escritora deixou o Brasil sem uma suas mais importantes memorialistas, num país de tão pouca memória. Seu último livro publicado foi "Vacina de Sapo", em 2005, que contava os três últimos anos de vida do casal, quando Jorge Amado já enfretava problemas de saúde. (Foto: Zélia e Jorge Amado em Salvador).


A minissérie foi adaptada por Walter George Durst e teve tratamento cênico do diretor Walter Avancini. Eram crônicas sobre o cotidiano da família Gattai, imigrantes italianos que vieram para o Brasil perseguindo o sonho da Colônia Santa Cecília, reduto anarquista, e que viveram em São Paulo, acompanhando o crescimento da cidade. Ernesto Gattai (Ney Latorraca) era o elemento chave deste núcleo. Assim como pai, ele mantinha inalterados certos princípios de igualdade e justiça. Ao seu lado, dona Angelina (Débora Duarte, em um dos melhores desempenhos de sua carreira), mulher forte e sensível que conseguia conviver com os sonhos do marido sem tirar os pés do chão. Lia Victor Hugo e Zola, mas também os folhetins de romances desvairados. Jogava no bicho e estava sempre atraída pelos enterros que passavam diante de sua porta. Pelo comportamento dos acompanhantes do caixão, já sabia se, depois do cemitério, ia ter festa. Aí, ela trocava de roupa e entrava no cortejo.

Eles foram importantes para a formação dos filhos, a caçula Zélia (Daniela Rodrigues, que era a narradora da história); o Bon vivam Remo (Marcos Frota); a bonita e voluntariosa Wanda (Christiane Rando); Vera - a preferida - (Lilian Zizzachero); e o artista da casa, Tito (Afonso Nigro).

Outro membro importante era o vovô Eugênio, o Nono (Gianni Ratto), uma pessoa com ampla, sofrida e sábia visão do mundo. Não era apenas a história de uma família, mas também um retrato paulista dos anos 10 e 20, quando transformações sociais, políticas e econômicas aconteceram. A série tinha sido programada inicialmente para as 18h, depois se pensou em recorrer a ela para substituir a novela “Sol de verão”, às 20h, após a morte do ator Jardel Filho, em 1983. Com um ano de espera acabou indo ao ar, como tapa-buraco: sua estréia foi antecipada porque não ficou pronta a atração anunciada, a minissérie "Meu destino é pecar". Quem assistiu sabe que valeu a pena esperar, pois o sucesso foi grande e inesquecivél.

Um adeus carinhoso a inesquecível Zélia Gattai.

O abandono do Rio de Janeiro


Numa matéria publicada no jornal O Globo, de sábado (17/05), tinha a seguinte manchete: TRANSPORTE PARA LONGE DO PERIGO".
É que para evitar assaltos a passageiros de ônibus, a lei autorizou embarque e desembarque fora do ponto. Numa boxe, na mesma matéria, intitulado "Opinião", está toda a verdade e a monstruosidade nas grande cidades, leia: "A desativação noturna dos pardais eletrônicos, supostamente para evitar assaltos a motoristas, não sinaliza para o essencial da questão: a incapacidade do poder público de garantir a segurança do cidadão 24 horas por dia.
Dote-se o Estado, portanto, de um política que reduza a criminalidade e deixe-se os limitadores de velocidade cumprir sua importante função no sistema viário. De quebra, as autoridades terão ampliado os níveis de segurança para todos os cidadãos, e não apenas para os motorizados; e evitando que os índices de acidentes provocados por excesso de velocidade sejam ainda mais inchados
".

Não sair mais nas ruas à noite, por medo, não andar mais a pé, por medo, não pegar mais ônibus, por medo, que cidade é esta que estamos vivendo.

Devemos, sim, como cidadãos que somos marcar nossas presenças em todos os lugares, pois se nos afastamos estaremos fortalecendo aos bandidos. A área é para todos, não devemos deixar que o MEDO abra espaço para esses bandidos.

sábado, 15 de março de 2008

Teto desaba em emergência do Souza Aguiar

Matéria publicada, hoje, na Coluna de Ancelmo Góis, de O GLOBO.

"Parte do teto do primeiro andar da NOVA emergência do Hospital Souza Aguiar desabou à tarde. As áreas afetadas foram a sala da coordenação da emergência e da oftalmologia, onde estavam internados 50 pacientes, que foram transferidos para outros andares. A nova emergência, que custou R$ 8 milhões, começou a funcionar em novembro, mas, em dezembro, teve que ser fechada por causa de problemas no sistema de ar-condicionado. A Secretaria municipal de Saúde informou que o problema de ontem foi causado por um entupimento no ralo".

Será que a Cidade da Música também vai ter ralo entupido?

Frase da Semana

"Trabalhar? Impossível para mim trabalhar. Simplesmente não tenho tempo".

Frase de Porfírio Rubirosa que consta do saboroso livro que será lançado no final do mês de maio, pela Editora Record: "O último playboy - A vida louca de Porfírio Rubirosa".

domingo, 2 de março de 2008

Frase da Semana

Numa entrevista, o reporter Zean Bravo, de O Globo, perguntou a jornalista e atriz Marília Gabriela: - Você concorda com a teoria do Raul Seixas de que "quem não é burro sofre mais"?

Marília: "Se você não for arrogante, possivelmente vai sofrer mais".


arrogância
[Do lat. arrogantia.]
Substantivo feminino.
1.Orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas; soberba.
2.Insolência, atrevimento. [Sin. ger., desus.: arrogo.]

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

"Duas Caras - De Aguinaldo Silva


Aguinaldo Silva é um autor de muito respeito e credibilidade. As vezes, no início de uma nova novela, comentamos "mas tá muito chato". Porém, com "Duas Caras" não dá para dizer isso.

O autor usou o ingrediente certo na novela. Nada de mostrar caras bonitinhas nos primeiros capítulos, muito pelo contrário. Encheu todas as cenas de grandes talentos do nosso teatro, cinema e televisão.

É com grande prazer que vemos Antônio Fagundes fazer o seu Juvenal Antena. É maravilhoso ver Marília Pêra, como Gioconda, crescendo o seu personagem a cada capítulo. Ver a explosão de seu humor. Gioconda encontrou em Guida Vianna uma parceira que promete muito.

Ver o casal Otávio Augusto e Renata Sorrah. Eles estão dando show de interpretação. Ainda por cima, o pai do personagem da atriz está sendo vivido pelo maravilhoso Sérgio Viotti (foto). A cena de hoje, com este ator era puro teatro. Bravos!

A Grande Família - Sem Marco Nanini não tem graça


O ator Marco Nanini terá que ficar fora do ar durante um mês, pois passou por uma cirurgia, mas o que não dá é para aqüentar "A Grande Família", sem o Lineu. Acho que deveriam tirar o programa do ar durante sua ausência. Aliás, ele e a Nenê, da Marieta Severa, não podem faltar nos episódios. Ter que ter paciência para aturar Pedro Cardoso, como Agostinho, ainda mais protagonizado alguma coisa

sábado, 8 de setembro de 2007

Frases da Semana

"O coração é meu e pode sofrer, mas o meu rosto é das circunstâncias e pode sorrir" (provérbio chinês).

"Quando nasceste, todos sorriram e só tu choravas. Viva de tal maneira que, quando morreres, todos chorem e só tu SORRIAS." (Victor Hugo).

"Se o estupro for inevitável, relaxa e goza". (Millôr Fernandes).

"Esse é um país tão maravilhoso que é o único em que as putas gozam" (Sérgio Porto).

"Não sou gregário, prezo muito minha solidão". (Clarice Lispector).

"- Isto me parece meio arriscado, Bebel.
- Arriscado me bem é subir pelas paredes e depois levar tombo". (Bebel na novela Paraíso Tropical, de Gilberto Braga).

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

20 anos Sem Drummond



Mãos dadas

"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente". Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Superficialidade do Mundo Moderno

É irritante a mania moderna de julgar pelas aparências. Não se aprofundam em nada. São lidas apenas as primeiras linhas de uma matéria de jornal ou revista e são feitos comentários absurdos. Nos casos dos livros, a coisa é ainda mais séria. Apenas a orelha dos livros são lidos e, o "leitor", sai dizendo que o livro é uma droga. "Não vemos, apenas olhamos". Isto é péssimo!

terça-feira, 31 de julho de 2007

"Dentro do Mar Tem Rio" - Maria Bethânia


A grande divã da música popular brasileira, Maria Bethânia, volta ao seu palco preferido: Canecão. Inspirado em seus dois novos discos, "Mar de Sophia" e "Pirata", a abelha-rainha volta ao Rio de Janeiro para duas semanas de espetáculo e gravação de CD e DVD ao vivo - de 10 a 19 de agosto. Para aqueles que não tiveram a oportunidade de ver a apresentação da cantora na outra casa de espetáculos do Rio, não deve perder essa chance, pois o show é fantástico. Sem falar do CD e DVD, lançados pela Biscoito Fino, que podem ser adquiridos em qualquer boa loja de CD/DVD ou no próprio Canecão, após o show. Vale a pena e Bethânia merece.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

O Adeus a Atriz Yolanda Cardoso



A atriz Yolanda Cardoso - que faleceu no último dia 8 de julho de 2007, vítima de falência múltipla dos órgãos - vai ser enterrada hoje às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio. Yolanda tinha 35 anos de carreira e interpretou mais de 40 personagens na TV e no teatro. Entre os destaques, estão suas atuações na primeira edição do "Sítio do Picapau Amarelo", no seriado "Os Bandidos da Falange" e na novela "O Direito de Amar".

Laura de Vison - A Grande Transformista





Laura de Vison fez muito sucesso nas décadas de 60, 70, 80 e 90 como transformista. Seu nome artístico surgiu ainda na década de 60 quando desfilava de biquíni e casaco de pele no Carnaval carioca.

Até recentemente, Laura fazia shows na cena GLBTT carioca e suas aparições foram muito festejadas.

Faleceu em 09 de julho de 2007, sendo enterrada no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro.

Na pele de Norberto, também foi professor de História em escolas públicas do Rio de Janeiro. Em sala de aula não é um professor nada convencional. Já chegou a se vestir de Cleópatra para explicar a História do Egito.

Na década de 1970 foi presa por homofobia, segundo ela “simplesmente por ser gay”. Ficou dez dias em uma cela que lhe rendeu uma grande experiência de vida.

Após 18 anos como professor no Colégio Capitão Lemos Cunha, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, perdeu o emprego porque respondeu às perguntas dos alunos sobre a transmissão sexual da AIDS.

Participou de alguns filmes como: "Mamãe Parabólica", curta-metragem (2005); "Laura, Laura", curta-metragem (2005); "Cazuza - O tempo não pára", longa-metragem (2004); "Você Decide", um episódio, em (1999); "Incidente em Antares", minissérie, como Singer Garcia (1994); "Noite", (1985); "Memórias Póstumas de Brás Cubas"; "Se tu vais ao Rio". Recebeu os seguintes prêmios: Medalha de Ouro no Festival du Court-Métrage de Bruxelles, na Bélgica, em virtude do filme "O Bigode da Aranha".
Candango de Ouro, em Brasília, e Sol de Prata, no Fest Rio, na categoria de melhor ator em "Mamãe Parabólica". Dados do site: Mix Brasil.

Laura de Vison era uma simpatia como pessoa. Quem a conheceu chamais a esquecerá. Nos anos 80, virou "cult" nas noites do casa noturna Boêmio, na Rua Santa Luzia.
Ela nunca esqueceu essa fase. Com o fechamento da casa, Laura passou a peregrinar pela Lapa a procura de outro espaço. Como não encontrou, acabou se sujeitando a distribuir balinhas em boates que não a consideravam "culta" para seu público tido como "elitista". Falta de cultura tiveram seus "diretores artísticos" e proprietários para não ver o que ela representava. Outra casas, como o Cabaré Casanova não permitia que ela entrasse, pois nos anos anteriores tinha concorrido com ela. Como a própria Laura falou a este bloqueiro.
Era uma tristeza ver Laura pedindo favor. O Brasil, que é um país sem memória, não dá valor a quem merece. Porém, nós chamais esqueceremos de LAURA DE VISON, com seu sorriso simpatico, mesmo nos momentos mais difíceis.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

100 Anos de Dercy Gonçalves na Le Boy





A grande comediante brasileira jamais será uma Dona Benta, seu espírito é jovem e irreverente. Fez do palavrão cavalo de batalha. Responde com toda convicção: "Sou um retrato do País, que é a própria escrotidão".
Com essas características ela se tornou a primeira estrela da TV Globo-Canal 4 ao comandar o programa "Dercy de verdade", exibido aos domingos em 1966, das 20h às 22h.
Ela comandava o show, que passou a ser o grande líder de audiência da emissora. Era uma atração de grande apelo popular, cujo lema era ajudar aos necessitados. Ela fazia chamadas pedindo cadeiras de roda, óculos, bengalas e casas para os que precisavam. Como a audiência era enorme, os que precisavam de alguma ajuda formavam filas gigantescas na frente do auditório
da emissora, no Jardim Botânico.
Sua equipe de reportagem selecionava os assuntos mais sensacionais, enquanto a parte do programa destinado aos donativos ficavam por conta do sobrinho da artista. Durante a enchente de 1966, no Rio de Janeiro, enquanto o "Jornal nacional" fazia chamadas ao vivo, Dercy levava as câmeras para a rua e transferia seu programa para o terraço da Globo, chamando a atenção dos telespectadores para a emergência de se enviar agasalhos para os desabrigados. Resultado: o auditório da emissora ficou abarrotado de donativos. Com isso, a audiência levou a Globo — é bom lembrar que a emissora dava os seus primeiros passos — à liderança absoluta começando a atrair o público cativo das emissoras mais importantes da época, como: TV Tupi, TV Rio e TV Excelsior. Nas quartas-feiras ela atuava em outro sucesso da emissora o "Dercy de comédia", nos mesmos moldes do que fizera na TV Excelsior. Em 1971,
Dercy foi para a TV Record, onde estreou como a namorada do Bronco, no programa "Família Trapo" e, meses depois, criou o programa "Dercy em Família" nos mesmos moldes do que havia feito na Rede Globo. Viva Dercy!

No próximo sábado, 28 de julho de 2007, DERCY GONÇALVES, ou Dolores Costa Bastos (nascida a 23 de junho de 1907), vai comemorar oficialmente o seu aniversário na boate Le Boy, Copacabana.

Em entrevista ao bloqueiro ela comentou:

Dercy - Tenho o ano que sinto,quantos anos vou viver mais não importa. O que importa é o presente.
Eu - Vc fez o sucesso da Rede Globo quando apresentava o programa "Dercy de Verdade", em 1966, que foi o maior sucesso na emissora iniciante. Naquela época todos assistiam à TV Excelsior, a Tupi e a TV Rio, mas vc levou o público para a Globo.
Eu - Vc fez grande novelas, como "Deus nos acuda" e "Que rei sou eu?", na Globo.
Dercy - Aliás, essa última foi muito divertida.
Eu - Vc se dava bem com a Tereza Rachel?
Dercy - Nem olhava pra cara dela, é muito besta.
Eu - Mas antes de fazer essa novela vc fez na TV Bandeirantes, a novela "Cavalo Amarelo", que fez tanto sucesso que resolveram esticá-la com "Dulcineia,vai a guerra!".
Dercy - Vc conhece mesmo a minha vida! Foram dois trabalhos bacanas.
Eu - Dercy, vc vai comemorar seu aniversário na Le Boy, que é uma boate gay. Então, eu gostaria de saber o que vc acha dos gays?"
Dercy - Adoro eles. Se querem dar o cu, o problema é deles. Tive grandes amigos gays. Trabalhei durante anos com o Luiz Carlos que era gay assumido, fui amiga de Madame Satã. Amiga não, eu a conhecia dos Cabarés da Lapa e ela me respeitava muito.
Eu - O que vc espera do futuro?
Dercy - Não espero nada. Não acredito em amigos, nem em Deus, mas sim na Natureza. Você já reparou como ela é bonita? Como é bonita uma árvore, um rio, uma flor? Até os mosquitos trepando são bonitos, pois é a natureza.
Eu - Vc é única. Daqui a dez anos, surgiram outras Fernandas Montenegro,Dulcina, Morineau, Bibi, Marília Pêra, mas Dercy Gonçalves é só uma. Você criou um comportamento irregular que é só seu. Aliás, não é a toa que o grande autor Paulo Pontes considerava vc mais importante do que a Fernanda Montenegro. Por ser única.
Dercy - Muito obrigado!


"Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima" (Dercy Gonçalves)

terça-feira, 3 de julho de 2007

Bastidores - Série Teatro Brasileiro

Ler um bom livro é SEMPRE ADQUIRIR CULTURA.


"A Europa é linda mas é coisa do passado. Esse continente é o passado dos museus e, na linguagem dos jovens, a Europa já era, nada de novo está acontecendo e os EUA estão se robotizando. O futuro está aqui. Aqui há efervescência, inquietude, bom humor, alegria e imaginação, frutos talvez da nossa ingenuidade, pobreza e esperança. O brasileiro é latino: finge que gosta de rock, hambúrguer e Coca-Cola, mas gosta mesmo é de samba, contos de fada, tutu de feijão e cerveja"

Este pensamento é tão atual que parece que foi dito ontem, mas foi dado a Simon Khoury, pela grande atriz Dulcina de Moraes, falecida em 1996.

Dulcina, sempre foi uma mulher muitos anos à frente de seu tempo. Começou a preocupar-se com a parte técnica dos espetáculos, dando melhor tratamento aos cenários e à profissão de técnico teatral; tirou o ponto do palco, levando-o para a coxia; criou as folgas de segundas-feiras e lançou no Brasil autores consagrados como Garcia Lorca, Eugene O’Neill, Bernard Shaw, Noel Coward e outros tantos.

Segundo a atriz Fernanda Montenegro, Dulcina de Morais foi uma de suas inspirações na vida artística e uma das maiores atrizes nacionais.
“A ela, nós devemos a segunda-feira de folga, o fim da carteirinha de prostituta para atriz, a presença do autor brasileiro nos palcos do Brasil” - declarou Fernanda Montenegro.

Este é apenas um dos muito depoimentos-entrevistas dadas ao ator-jornalista Simon Khoury para a "Série Teatro Brasileiro - Bastidores" (editora Letras & Expressões), que já lançou 10 (DEZ)volumes de depoimentos de nossos artistas, como Mme. Morineau, Paulo Autran, Tônia Carrero, Dercy Gonçalves, Vanda Lacerda, Christiane Torloni, Cleyde Yáconis, Nicete Bruno, entre tantos outros. Em cada volume,o leitor encontra no mínimo quatro ou cinco fragmentos da história da nossa cultura e, lógico, do nosso teatro. É uma leitura obrigatória para quem estuda ou gosta de cultura e Teatro.
Acreditem, Simon é tão interessante quanto seus entrevistados. Portanto, todos os volumes são como um bom espetáculo de arte.
Os interessados devem procurar a livraria mais próxima, pois são raras as que possuem os tais livros. A livraria do Espaço de Cinema, na Volutários da Pátria, ainda tem alguns exemplares. Corra!

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Curtas, Rapidinhas e etc......(28/6

A pedido estou criando o espaço: "Curtas, Rapidinhas e etc...."


- Vocês já repararam, principalmente no Metro, que as pessoas descem as ESCADAS ROLANTES, como a mesma pressa que usam nas escadas que não são rolantes. Pergunto eu: "já que estão com tanta pressa, por quê não desocupam as escadas rolantes e usam as escadas normais? As vezes, ao chegar numa estação, vejo que a escada rolante está parada, mas o BEM EDUCADO usuário, faz questão de accioná-la para poder subir correndo, aos pulos. Vai entender.........................


- Gilberto Braga, autor consagrado da TV brasileira, criou, não se sabe porque um casal gay na sua novela "Paraíso Tropical". Acontece que os dois não demonstram, mesmo que seja na interpretação, ter qualquer relacionamento. Criatividade, meus caros!


- Tem certos donos de boate que para enganar ao seu público mudam o nome das festas toda semana, mas se o frequentador prestar atenção a programação é a mesma desde que a casa inaugurou. Não é falta de dinheiro, o que falta é CRIATIVIDADE dos criadores dos shows para inventarem coisas diferentes. Além do mais, os artistas da noite, como Rose Bom Bom, Lorna Washington, Kaika, e outras, já trazem suas roupas de casa. Portanto, onde é gasto os investimentos que esses CRIADORES dizem que tem? Vamos acordar, tem muita bicha dormindo no ponto.

- A Pizzaria Cervantes, que fica na rua Domingos Ferreira e já frequento há 30 anos, está pecando pelo excesso de rapidez com tenta demonstrar eficiência. O freguês mal entra no restaurante e já vem o garçom enfiando o cardápio no seu nariz. Cinco minutos depois, vem a pizza, e ele já quer deixar logo dois pedaços, para que acabe logo. Você mau acabou de comer a azeitona que estava no prato, lá vem o garçon, que estava postado atrás de você, colocando os dois pedaços que faltavam para ele se livrar logo daquele freguês, que no caso é você. Apresenta a conta, devolve o troco, agradece e deseja que volte sempre.
Logo em seguida, diz ao outro colega tb garçon, tchau!, até amanhã!
Quer dizer esse rapaz estava apenas esperando vc engolir rapidamente aquela pizza para poder ir embora. Isso numa quinta-feira, às 20h30m, com casa absolutamente vazia. O mundo mudou, mas infelizmente para pior.

- "Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima" (Dercy Gonçalves).

- Quem tiver sugestões é só escrever que eu publico ou não, depende do meu humor, OK?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Precisamos Ajudar Copacabana


Noite Legal

A partir de amanhã, quinta-feira, a boate Le Boy vai ter que se adaptar às novas medidas de seguranças. O que o proprietário da boate, Gilles Lascar, acha que às noites em Copacabana ficarão ainda mais fazias, pois nem todos os frequentadores de sua boate gostam de aparecer em público ou mesmo ter seu nome, seus dados, expostos na porta de uma boate. Além do mais, turistas não tem carteira de identidade, como irão fazer? No iníncio tudo é difícil, mas depois tudo se acerta, mesmo porque a causa é nobre. É só ver os índices divulgadas pela Secretária Segurança, logo abaixo:
Violência em Copacabana caiu 59% com choque de ordem
A operação CopaBacana reduziu em 59% os registros de roubos, furtos e assaltos a turistas na 12ª delegacia de polícia do bairro em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o subsecretário de Governo e coordenador do programa, Rodrigo Bethlem. A força tarefa, iniciada em 19 de abril, abordou nesse fim de semana 20 prostitutas no calçadão da Avenida Atlântica e fiscalizou as casas noturnas da região.
Os ficais da operação informaram que a intenção era descobrir se havia menores de idade se prostituindo e levantar dados de possíveis aliciadores. As mulheres, levadas para a delegacia do bairro, foram liberadas. A operação também cadastrou moradores de rua, e um homem que dormia na calçada foi encaminhado a um abrigo. Quatro menores foram revistados; um deles, que estava com maconha, foi levado para delegacia de Proteção a Criança e Adolescente e os demais encaminhados para a Fundação para Infância e Adolescência (FIA).
Rodrigo Bethlem lembrou que a CopaBacana também vai somar ao projeto Noite Legal, da subsecretaria de Segurança, que visa fiscalizar casas noturnas. Conforme o programa, os empresários têm que se adequar às leis que proíbe o ingresso em boates com armas, com exceção aos policiais federais. Já os policiais civis e militares só podem entrar armados se estiverem em serviço, mas seus dados devem ser anotados. A legislação também prevê a instalação de câmeras de circuito interno de TV, e determina a identificação dos freqüentadores da casa.
- Ainda será conferido o cumprimento das normas de Defesa Civil, como extintores de incêndio, portas de emergência e capacidade de lotação, além da exploração sexual de menores em boates. Há muita coisa a fazer em Copacabana – disse Bethlem, afirmando que, num primeiro momento, as casas noturnas em situação irregular serão notificadas para se legalizarem.
Além do choque de ordem, o projeto vai oferecer à população de rua acolhida e abrigada na Fundação Leão XIII a oportunidade de se integrar ao mercado de trabalho. Através de parcerias entre a Secretaria de Governo, o Instituto Costa Verde e o Sistema Nacional de Emprego (Sine) serão ofertados cursos profissionalizantes e vagas de emprego.
A ação conjunta do governo do estado com órgãos civis e militares faz repressão à exploração sexual, tráfico de drogas e busca diminuir a criminalidade no bairro que é cartão postal do Rio. Para denunciar os problemas da região, a população deve telefonar para (21) 2299-5300.

sábado, 9 de junho de 2007

Flávio Cavalcanti


Flávio Cavalcanti, que saudade!


Flávio Cavalcanti Junior, filho do maior comunicador da televisão brasileira, Flavio Cavalcanti, e da carismática Dona Belinha, começou cedo a ajudar o pai na administração dos custos de produção dos programas que “seu velho”, como fala nos capítulos posteriores, comandava na extinta TV Tupi. Chegando, uma das vezes, a substituir o apresentador e, com toda a timidez que demonstrava no vídeo, comandou com êxito o programa “Um instante, Maestro!”.
No livro "Eu Juro Que Vi", o autor, mostra ao leitor uma visão pouco conhecida do grande público: os bastidores da política, do setor comercial e da televisão. Revela que além de ter sido o filho do comunicador mais importante da televisão, também foi um homem ligado aos assuntos gerais de uma produção televisiva. Depois de ter começado com seu pai, Flávio Júnior, foi trabalhar com Adolpho Bloch. Onde revela o lado engraçado, familiar e pitoresco deste empresário. Ajudou, politicamente, a viabilizar a Rede Manchete. Depois, “correndo atrás de um sonho”, como faz questão de deixar claro, foi trabalhar com Roberto Medina, na Artplan. Acompanhou Silvio Santos na criação do SBT, onde trabalhou por 14 anos, no SBT/Brasília.
Mas o lado mais curioso do livro são mesmo os bastidores da política e da televisão. Flávio Cavalcanti Júnior mostra as injustiças sofridas por seu pai. Apesar de ser tratado como homem de direita, teve várias vezes seu programa tirado do ar, pela mesma direita que diziam pertencer. Revela, também, que o pai colocou como jurada de seu programa a atriz Leila Diniz, que estava proibida pela direita de participar da novela “O sheik de Agadir”, da TV Globo. Além de ter oferecido abrigo à atriz em sua casa de Petrópolis, nos anos de repressão política, pois “seu jeito atrevido e o corpo quase sempre à mostra, incomodava as virtuosas senhoras das autoridades da República”. Nesta época, conviveu com outra figuraça dos meios de comunicação: Carlos Imperial. Consagrado produtor de pornochanchadas para o cinema e produtor de peças teatrais, como “Um edifício chamado 200”. É de Imperial que faz uma revelação surpreendente e reveladora: era totalmente careta, não encarava sequer uma dose de bebida alcoólica, pois era viciado em Coca-Cola, e seu grande prazer era degustar dois ou três copos grandes do refrigerante, seguidos por arrotos monumentais. Coisas de Imperial. Também revela a verdadeira e injusta a acusação sofrida pelo cantor Wilson Simonal.
Com seu pai Flávio Cavalcanti, o autor viveu os momentos de glória e de dificuldades financeiras sofridas, principalmente, após a fase difícil por que passava a TV Tupi. Tendo começado na década de 50 na TV, seu pai comandou na TV Rio o programa "Noite de gala", onde fez entrevistas marcantes, como: Tenório Cavalcanti e o presidente americano John Kennedy. Em 1957, estreava na TV Tupi carioca o programa "Um instante, Maestro!". Em 1965, lançou na TV Excelsior o primeiro júri de TV no seu programa. No ano seguinte, reeditou o programa na Tupi, lançando mais um programa na mesma emissora: “A grande chance”. Na década de 70, Antonio Lucena, superintendente da TV Tupi no Rio, chamou o apresentador e lhe fez a proposta de juntar os dois programas semanais em um só, aos domingos, de 18 às 22 horas. Lucena prometeu uma estrutura à parte da Tupi para viabilizar a produção do programa, comentando o desafio de se fazer o primeiro programa em rede nacional (a Embratel acabara de ligar todo o país através do satélite). Então, aos domingos, às 18 horas ia ao ar a chamada que entrou para a história da televisão brasileira: “No ar, neste momento, via Embratel, para todo o Brasil o Programa Flávio Cavalcanti”, nesse momento entrava em cena o apresentador com seu tradicional smoking. Ele chegou, pela conquista da audiência, a disputar convidados com o programa “Discoteca do Chacrinha”, que era exibido no mesmo dia pela TV Globo. O programa foi um grande sucesso durante anos. Porém, já na década de 70, a Rede Tupi começava a enfrentar problemas financeiros e passava a atrasar o pagamento de seus artistas. Então, com armar e bagagens, em 1973, foram para uma chamada assombração: a TV Rio Canal 13. Emissora que depois de brilhar na Av. Atlântica, acabou escondida num prédio inacabado nos costados do Morro do Pavãozinho, em Ipanema, onde seriam as instalações do futuro Panorama Palace Hotel. Quatro meses depois, voltavam para Tupi. Porém, mais uma vez, tiveram que trocar de canal: foram para a iniciante TVS Canal 11, reeditando o programa "Um instante, Maestro!". Voltou para a Tupi em 1978 com o "Programa Flávio Cavalcanti", mas seu esforço foi inútil, pois a emissora já estava no fim. Como não poderia ficar fora do ar, se transferiu, em 1982, para a TV Bandeirantes de São Paulo, onde apresentou diariamente o "Boa-noite, Brasil". O apresentador chegou a ser cogitado pela TV Globo, mas nada foi concretizado. Então, Flávio Júnior, o Flavinho, falou com Sílvio Santos se ele não tinha interesse em ter o comunicar em sua emissora novamente. Depois de várias negociações, em 1983, o “Programa Flávio Cavalcanti” passou a se exibido pelo SBT, que ficou no ar até sua morte em 1986. Por seus programas passaram vários nomes consagrados da crítica musical e do meio artístico brasileiro, como: Sérgio Bittencourt, Nélson Motta, Danuza Leão, Mister Eco, José Messias, Sargentelli, Marisa Urban, Erlon Chaves, Márcia de Windsor, entre outros.
Por essa e por outras, o livro de Flávio Cavalcanti Júnior merece um lugar de destaque em qualquer estante dos pesquisadores de televisão. Parafraseando o autor devo admitir: Flávio Cavalcanti, “Meus Deus, que saudade!”.